Os poetas vagueiam na noite...
Os grandes poetas vagueiam na noite...
Inquietos espíritos buscam além
O que a mesmice da vida não sabe ofertar...
Sofrem suas dores... Não repartem! Alguém
Dirá que a poesia extravasa os suspiros...
(- Eles sabem que sua dor não importa a ninguém!...)
O "Eu lírico" esconde o que da vida não tem...
As palavras se joga, em teia urdida
Nas ruas desertas, caminhando ao luar...
E no irregular calçamento das ruas trilhadas
Onde o passo deserto, por vezes, flutua,
No verso se mostra sem se desvelar...
O verso é apenas uma fenda no ocaso
Como um cetim que escorrega e a imagem provoca,
Mas o corpo inteiro não se vai desnudar...
Poetas... Inquietos seres da lua...
Onde pensa - quem lê - que sua alma é nua,
Mas que, na verdade, são camadas de sonhos
Escondidos em entranhas que não se vão revelar
Apenas apontam, de modo furtivo,
Um caminho, um rumo, um “nada” a mostrar...
“... - Minha alma mora lá,”
“No remanso da curva do grande rio...”
Diz um poeta...
- Minha alma mora aqui,
Na lagoa adormecida que criei para mim,
Refúgio secreto de grandes solidões...
Outro dirá:
- Talvez numa flor,
Que um dia conheci e lhe dei meu amor...
Dirá ainda outro:
- Na terra descanso
Acostumando-me assim à morada, de manso...
Alguém dirá:
- Eu moro em porongos,
Velhas cuias no pé que ainda restam nos troncos
Bailando com as fadas que se apoderaram de lá...
Somos caminhantes perdidos na noite...
Os grandes poetas... E os aprendizes
Dos feiticeiros das falas.
Tropeçando nas letras
Nas rimas e versos
Somos muitos em nós...
Vamos machucando joelhos
Com os pés nas nuvens
De puro algodão...
Poetas inquietos... Entende-los... Quem há de?...
- Grandes ou pequenos
Mestres das falas:
- Nós não passamos
De caminhantes sozinhos
À procura do Amor...
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"Na solidão de todos nós há sempre uma procura de amor". (H. Hesse)