Caminhando na Praia

Sinto as ondas em meus pés

Com seu toque frio feito a morte

Seu cheiro salgado

Seu eterno movimento, hora bravo, hora calmo!

Não caminho só

Há na areia dois pares de pegadas.

Muito confuso fiquei

E tentei decifra-las.

Um era grande...

Aparentemente maior que o meu

Observando os momentos

Pude perceber que estavam ao meu lado

Nos momentos de maior alegria!

Na realidade, não que os momentos em si eram bons,

Mas a companhia assim os tornava.

O outro...

Foi o maior mistério!

Por vezes parecia de homem,

Noutras, tinha características femininas.

Por vezes era grande,

Mas também era bem pequeno alguns momentos...

Num instante era forte e profundo,

Noutro, leve e suave...

Mal marcando a areia!

Por um instante parei...

Pensei...

E me questionei sobre minhas próprias pegadas!

Diz uma bela canção,

Que nos momentos mais difíceis

Nos braços seria levado

Tendo assim marcações de apenas um par de pegadas.

Parei...

Era noite de lua.

Lua cheia...

Á meus Deus, como estava linda.

Trouxe-me tantas lembranças

Que por um instante

Salguei ainda mais a água do mar...

Mas as contive.

Vi ao longe um casal caminhando,

Abraçadinhos...

Senti falta,

Sua falta,

Seu carinho, seu beijo, seu abraço caloroso,

Seu sorriso...

Límpido e claro como o sorriso de uma criança!

Talvez isso tenha tanto me encantado!

Lembrei-me dos momentos que passamos juntos,

Do nosso encontro,

No cinema,

Na cama,

E seus pés, assim como os meus

Não cabiam na cama!

Definitivamente,

Já não fazem mais camas como antigamente!

...seus pés...

As pegadas...

São suas as pegadas

As pegadas maiores que as minhas na areia,

São suas, claro!

Agora podia sentir seu cheiro

Ver seu rosto no horizonte

Ter a mera ilusão de ouvir tua voz no pé do ouvido

Aquele arrepio na espinha...

Sim...

São suas as pegadas

Nestes momentos tão felizes!

Mas há o outro par

Que continua sem sintonia

Cada passo com uma forma diferente.

E as minhas

Onde estão?

O casal foi se aproximando,

Fixei o olhar no mar...

Como estava calmo,

Belo e calmo

Refletindo o luar na noite!

Ao passarem,

Pasmo fiquei com suas pegadas.

Eram dois pares...

As dele, sempre no mesmo formato...

Mas não pude ver as delas...

Em seus lugares,

Haviam passos diferentes a cada instante,

Como...

Ai observei...

Eram iguais aos que observei comigo!

Mesmo formato, tamanho,

Hora fundo e grande,

Hora leve e suave...

Observei que a mulher chorava...

Sabe Deus o porque...

Marido, filho, saúde...

...

Deus...

Estas são as pegadas...

Assim então que tenho superado as dores!

Guiado por tuas mãos...

Carregado por teus braços,

Por isso minhas pegadas não aparecem...

Apenas as tuas

Que se manifestam no humano,

Hora como homem, hora como mulher,

Como adulto, como criança,

Hora como índio, hora como negro,

E as de um grande amor

Que talvez já até tenha ido

Mas não diminuiu em intensidade e carinho.

Humano com humano em busca do divino!

(18/01/2010)

Wagner Gaspar
Enviado por Wagner Gaspar em 18/01/2010
Reeditado em 18/01/2010
Código do texto: T2036982
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