Melissa
Lembra teus rosto, Melissa,
O sol distante nascendo;
Tímidos raios crescendo
Num sereno amanhecer;
Confesso desejos ter
De afagá-los com carinho
E no cabelo em desalinho
Ingênuas tranças tecer.
Mas ao contemplar-te, Melissa,
Em teu diário passeio,
Vejo no andar sem enleio
Não a menina inocentte:
Exibes vaidosamente
Meigos traços de mulher;
És a flor em rosicler,
Doce beleza envolvente.
Fico esperando ansioso,
Muito embora sem saber,
Se é botão a florescer
Ou a rosa que verei,
Pois a mulher encontrei
Brincando inocentemente
E a criança airosamente
É a mulher com quem sonhei.
Jorge Moraes - Livro: Acalantos