MORRER DE AMOR
Queria viver um grande amor,
E vivi, e me embebedei e amei mais que podia.
Queria viver um grande amor,
E vivi, e o perdi, e me perdi de tanto amor.
Mas vivi o grande amor que sonhara,
E sonhei vivê-lo para sempre, enquanto vivesse,
E entre os sonhos e os desatinos,
Acordei bêbado de amor, e estava só.
Já não sei se sonhava a perda,
Ou teria sonhado o amor da minha vida,
Mas tinha o cheiro e as lembranças,
Tinha a saudade e a agonia,
Tinha a esperança de acordar,
Tinha a esperança quem sabe de sonhar,
E reviver o grande amor.
Que não fora sonho, não, não fora
Mas se fora, só sonhando para reviver.
Quanto desamor então experimentei,
Bebi um porre de fel, horrendo,
Empobreci o espírito,
Emprodeci, definhando desamor,
Quão vil foi minha luta,
Para reaver o amor que se ia,
Que se fora.
Pobre amor me foi oferecido,
E me iludi, e me lambuzei,
E sofri a podridão da saudade,
Transformada em mágoas,
E nessa vil encenação de desejos reprimidos,
Quase morri de amor.
Mas vivi um grande amor, que não morreu.
E sem querer o viverei para sempre,
E sem querer o guardarei para sempre,
Já que o coração é soberano sim,
E ele assim o quer,
Mesmo que a razão já o recuse.
E se for pra morrer,
Quanto morrer,
Que seja desse amor