PARTIDA
Eu parto com o vento que lá fora sopra...
Desfaço minha matéria,
desato os sentimentos que aqui me prendem.
Dos lençóis da terra farei meu leito...
Desfeitos os fios de conexão dessa etapa,
do amor - levarei saudades,
da dor - a paciência na espera da cura,
dos sonhos - ficarei com a essência,
que por pura necessidade foi meu açude,
no deserto da solidão e nos fins do meu tempo.
Dos poucos momentos aqui vividos,
a certeza da efemeridade
e da minha finitude...
Após a desmaterialização,
serei pó que a brisa noturna dissolverá...
Mas na ventura das asas do mistério
que envolve esse espaço, a alma viverá
envolta na sensibilidade que a manteve
livre da insanidade, sempre a espera
de novos plantios e colheitas,
num mesmo ciclo de aprendizagem:
VIDA,
MORTE,
ETERNIDADE...
2006
2006