Descoberta
Eu quero essa mulher que vive a meia-idade
guardando em algum lugar do pensamento
o prazer que não provou na mocidade.
Mulher com a esperança de um momento
em que se sinta amada como nunca antes,
e saiba afinal o que é felicidade
mesmo que seja em rápidos instantes.
Eu quero essa mulher de corpo ainda bonito,
que sempre se perfuma, se mantém cuidada
acreditando que o amor, sendo infinito,
pode vir no silêncio de uma madrugada,
aquela mesma hora em que dorme sozinha
e abraça o travesseiro em pleno sono
esperando no sonho sentir que se avizinha
a paixão que irá florir o seu outono.
Eu quero essa mulher que ainda é tão pura
nos mistérios do amor, como uma virgem,
porque é essa mulher triste e madura
que me transportará, no gozo da vertigem,
ao melhor que um homem imagina e quer:
depois de pela vida cansar-se na procura,
achar o verdadeiro amor de uma mulher.