Poema 0765 - Feliz depois
Volto meus olhos e não vejo céu,
sou metade criança, metade adulto,
tenho pedaços de lua, cacos de paixão,
entre os dentes algum sabor que restou.
Sou metade de tudo que sonhei um dia,
a música que não tocou ao anoitecer,
o choro quase silencioso na madrugada,
metade das metades do amor que desejei.
Hoje caminho entre um e outro mundo,
afasto o mal, digo apenas do amanhã,
deixo que fique os sonhos,
alguma liberdade para que possam me amar.
Aguardem-me um dia qualquer,
voltarei mais alto, mais forte, melhor,
tenho planos de amante enlouquecido
e a vida camuflada por metade amor.
Volto à terra que um dia fugi,
reparto ao meio todas as mentiras,
separo os meninos e deixo brincar,
outros, castigarei dizendo-lhes a verdade!
Adormeço, prefiro não mais sonhar,
creio na realidade que está por vir,
o sono já não me sustenta,
os dias me roubaram as noites de paixão.
Vejo um céu ao longe nas minhas lembranças,
encanta-me o desejo de ser feliz um dia,
sou hoje mar e deserto, juntos e separados,
como o amor que ficou esperando pra depois.
26/07/2006