Porcelana Anilada do Céu!

Brinca, em vãos redemoinhos,

O vento, esse levado menino,

Pelos sempre floridos campos;

Por entre as folhas arroxeadas

Que sobem em cálices e cantos

Pelos ocidentais muros cinzentos...

Nada me conforta nem me contenta...

Polvilho de ouro paira sobre a Terra

Fazendo sóis dos orvalhos das relvas

E fios dos cristais lampejantes dos rios...

Meus olhos se perdem pelas penumbras

Azuis... Entre uma tênue linha do espaço

Existente entre montes de árvores escuras

Reverbera luz a porcelana anilada do céu...

Criam efeitos mágicos e tais os raios solares

Sobre uma tensão superficial lisa e liquida

Que, similar a um espelho oval, rebrilha

A luminosidade olvidada pelas flores...

Pia notas tristes e translúcidas, uma cotovia...

Esboço apenas uma sombra de um sorriso

Numa face imberbe que não mais existe,

Numa busca sem fim de um seguro abrigo

Para um coração que anda muito triste...

Gil Ferrys
Enviado por Gil Ferrys em 15/01/2010
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