MALDITO É O SOPRO...

E o vento mórbido soprou mais uma vez

Imaculado o tempo na hábil insensatez

Tentando a morte anunciar

Ejaculando a impureza no ar

O fato é que me vi sozinho

Fadista e apaixonado

Modista em verso atordoado

Em busca do antigo ninho

Da brisa do passado

E soprou mais uma vez

Agora lúcido e estilizado

Varrendo a frágil translucidez

Interrompendo o sono do guerreiro

Deste pobre e desgarrado cavaleiro

Da heráldica à mortalha sofrida

Que o maldito há muito varreu

Da paixão chorosa e mal resolvida

Mulher a implorar o que sofreu

Não me peças então pra te adorar

Ressaltar engano é macular

Pois de ti quero apenas a distância

Maldito é o sopro em tua eterna arrogância

Bastardo dos tempestivos momentos

De furações e tormentos

Entranhável em tuas maldades

Enlouquecido e sem realidades

E você há de soprar mais uma vez

E mesmo o céu, não dar-te-á a mão

Seremos, só nós dois e a estupidez

Pois arrancaste a vida do meu coração

Nem sopre em minha própria morte

Banindo a minha sorte à sofreguidão

Pois te varrerei do Sul ao Norte

Casa do Inferno, e sem perdão

O Guardião
Enviado por O Guardião em 27/07/2006
Reeditado em 21/09/2006
Código do texto: T202960