O Tempo, nosso maior aliado, nosso pior inimigo

Enquanto toco nas linhas

De um certo destino

Não acreditando nele

Sobre ele ergui um Castelo de Cartas

Onde cada carta

É uma página da nossa história

Onde no topo pontificávamos

Onde no topo

Ficavas comigo…

E penso…

Como tudo é transitório

Como tudo é vão

Trocaram as voltas do tempo

E hoje no Inverno

Vivemos uma espécie de verão

Trocaram os valores

Como quem troca de roupa

Demasiadas vezes por dia

Não por necessidade

Mas por pura mania

Mania não da insatisfação

Pois julgo quem a tem

Possuir um raro dom

O dom

De querermos o que nos é vedado

O dom da verdade

Ter que ser revelada

E não ser apenas mais um dado

Jogado nesta sociedade

Que tudo joga

Sem pensar

Onde tudo é volátil

Onde tudo

Possui

E ao mesmo tempo

Não possui

Qualquer tipo de lugar…

E por isso

Hoje as guerras são cibernéticas

E os castelos

De papelão

O amor

Fortaleza desvalorizada

Sendo que tudo

É em vão

E assim…

Vejo-me como um anacronismo

Teimando em velhos valores representar

Sendo que no fim de tudo isto

No topo do castelo

À mercê de qualquer mínima contrariedade

Está vago o teu lugar

Embora para mim

Ele seja teu

Para toda a nossa

Periclitante

Eternidade…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 14/01/2010
Código do texto: T2028597
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