O Tempo, nosso maior aliado, nosso pior inimigo
Enquanto toco nas linhas
De um certo destino
Não acreditando nele
Sobre ele ergui um Castelo de Cartas
Onde cada carta
É uma página da nossa história
Onde no topo pontificávamos
Onde no topo
Ficavas comigo…
E penso…
Como tudo é transitório
Como tudo é vão
Trocaram as voltas do tempo
E hoje no Inverno
Vivemos uma espécie de verão
Trocaram os valores
Como quem troca de roupa
Demasiadas vezes por dia
Não por necessidade
Mas por pura mania
Mania não da insatisfação
Pois julgo quem a tem
Possuir um raro dom
O dom
De querermos o que nos é vedado
O dom da verdade
Ter que ser revelada
E não ser apenas mais um dado
Jogado nesta sociedade
Que tudo joga
Sem pensar
Onde tudo é volátil
Onde tudo
Possui
E ao mesmo tempo
Não possui
Qualquer tipo de lugar…
E por isso
Hoje as guerras são cibernéticas
E os castelos
De papelão
O amor
Fortaleza desvalorizada
Sendo que tudo
É em vão
E assim…
Vejo-me como um anacronismo
Teimando em velhos valores representar
Sendo que no fim de tudo isto
No topo do castelo
À mercê de qualquer mínima contrariedade
Está vago o teu lugar
Embora para mim
Ele seja teu
Para toda a nossa
Periclitante
Eternidade…