Tempo
Lavas o rosto em lago escuro
Imagem em tempo, que deixei
Vendo este, que sou agora
Portanto, que tanto chora
Comovido a que passei;
Trago aos poucos, outrora
Marcas da vida, a que lhe dei.
Se hoje recordas, foi a ti
Que pôs amor, nos versos surdos
Ouvindo-se tu, a quem percebi,
Que cantos meus, são mudos
E nos teus, onde nasci
Para ter de volta em vultos
O encanto amor, a quem perdi.
Beija-me amor, eternamente assim
Quando lhe dou o meu,
Pedes por mais um de mim
Dos beijos teus,
Quando peço-te, sim
Para não dar-me adeus
E ao tempo, um fim.
Neste tempo, que seja eterno
Mas se fores acabar,
No entanto, não cause inferno
Quero que voltes;
E ao voltar,
Por você, tudo alterno
Renascendo-te sol em mar
Renascendo-te só para amar
E Quando o tempo
Para nós mudar,
Que seja outono
Que seja inverno...