Desperdiçando o amor
Não reclame se já não sonhas,
E se o pesadelo povoa tuas noites...
Não me afastei como tu suponhas,
Só cansei de ser o alvo de seu açoite...
Mas mesmo assim, perceba ao seu lado,
Eu em minha fiel posição...
Um escudeiro todo surrado,
Mas não descartado da alienação...
Promessas? Isso eu não tenho mais lhe feito,
Pois sei o quanto será difícil cumpri-las...
Pois te amar, fora talvez meu defeito,
E te manter no reflexo de minhas pupilas...
Esqueça, se pretendes me esquecer,
E nos faça ao menos esse favor...
Antes que um de nós venha enlouquecer,
Ao ter desperdiçado tanto amor...
Ao ter desperdiçado tanta vida,
Tantos beijos e abraços por fim...
Uma alma que perdeu a guarida,
Perdida no cruzamento do não e do sim...
Pois observa latente o caminho,
Quiçá, o que lhe espera,
Pois quando morre o amor, morre o carinho,
E as palavras começam a cair por terra...
E delas nada brotam, são sementes mortas,
Sem sentido, sem qualquer noção...
Pois assim me sinto quando bato à sua porta,
Como se bate um coração...
E mesmo que a porta não venha se abrir,
E que o silêncio fale em meu favor...
Uma coisa é fácil de concluir,
Ao ter desperdiçado tanto amor...