PALAVRAS NUNCA TROCADAS

O silêncio, nosso cúmplice,

o olhar, nossa arma,

o tempo, nosso meio,

o querer, nosso sentimento,

uma forma explícita de fazer amor.

E fizemos amor

puramente pele mente,

uma espécie de telepatia

ou simpatia,

mas amor

mente a mente...

ser sem ser...

E nosso amor nasceu fino,

moderno,

delicado,

refinado por demais

para uma época muda.

Nosso amor nasceu assim: mais calado...

meio ouvido...

duro de queda, mas vivo de ser.

Não trocamos palavras,

trocamos olhares que fascinaram

o corpo, a pele, os pêlos

os caminhos sonhados

pelos olhares e pelas mãos.

Não trocamos uma só palavra,

trocamos os olhares

que nos levaram a amar no meio da rua,

como essa fosse uma cama nua

perdida em nosso caminho

e pronta para o amor dos corpos.

Meus olhar fixou o seu,

e casamos os verdes dos olhos...

e esperança se fez

quente como os olhares,

e as palavras perderam o sentido,

a sede dos corpos

ajustou às vontades

e o desejo intenso de se dar

irmanou os olhares febris

à loucura de amar.

1982

Marcos Horto
Enviado por Marcos Horto em 12/01/2010
Código do texto: T2025334