PALAVRAS NUNCA TROCADAS
O silêncio, nosso cúmplice,
o olhar, nossa arma,
o tempo, nosso meio,
o querer, nosso sentimento,
uma forma explícita de fazer amor.
E fizemos amor
puramente pele mente,
uma espécie de telepatia
ou simpatia,
mas amor
mente a mente...
ser sem ser...
E nosso amor nasceu fino,
moderno,
delicado,
refinado por demais
para uma época muda.
Nosso amor nasceu assim: mais calado...
meio ouvido...
duro de queda, mas vivo de ser.
Não trocamos palavras,
trocamos olhares que fascinaram
o corpo, a pele, os pêlos
os caminhos sonhados
pelos olhares e pelas mãos.
Não trocamos uma só palavra,
trocamos os olhares
que nos levaram a amar no meio da rua,
como essa fosse uma cama nua
perdida em nosso caminho
e pronta para o amor dos corpos.
Meus olhar fixou o seu,
e casamos os verdes dos olhos...
e esperança se fez
quente como os olhares,
e as palavras perderam o sentido,
a sede dos corpos
ajustou às vontades
e o desejo intenso de se dar
irmanou os olhares febris
à loucura de amar.
1982