Flores azuis
Procurei dentro de mim
Vestígios iniciais do caos.
Remexi na gosma de meu espírito
A parte lesada pela dor
E o que mais me saiu
Não foram as intencionalidades
E motivos dessa solidão triste
Vi nascerem, dessa almalgama mal formada
Flores azuis.
Simples como um renascer das cinzas
Um entender dos fatos
Um pequeno gesto que me moveu
Apenas um mais um passo. (Adiante?)
Por isso tive a coragem de te recriar novamente
Veio daí essa paciência em moldar
O esquecido de nós, a parte que não tinha sido dita
A outra que nunca fora cantada.
E desse ressurgir, nasceu pra mim um outro você
E desse entender veio uma não precisão
Uma independência quase nua
Que me cobria o corpo ainda frio pela morte da gente.
Eu estava livre e você continuava
Como uma lembrança calma e imóvel.
E as vezes eu gostava de tê-lo assim em pesamentos
Quando a noite caía e era outro quem me beijava.
Mas aos poucos não sei se por amor ou ódio
Sua face foi me escapando pelos dedos
Hoje já não lhe reconheceria andando na rua distraidamente.
Já não sentiria aquele frio na pele de outrora.
Mas ainda assim, existem dias que me pego pensando...
E quando acho que nada pode dar certo é você que me vem com um vento forte
E me cobre para que eu possa dormir
Vaga e lentamente.