SEM MÁSCARAS

Quando tuas roupas caem ao chão,

Teu olhar se acende e o riso me convida,

A tarde nos permite e a cama nos acolhe,

O desejo toma forma e se transforma em delírio.

Quando apalpo teu corpo nu e ávido,

Quando a sinto tremer em êxtase e lascívia,

E a tomo e a tenho e amo e a faço minha,

Adentrando teu corpo feito raio em explosão,

Não reconheço teu jeito pudico singelo de antes.

Quando passeias desinibida pelo quarto,

Exibindo curvas, trejeitos, gestos e abuso,

E vibras com meu olhar de fascínio lânguido,

Nem lembro da mulher comedida e pura,

Agora travestida de pecados e sevicio.

E quanto o desejo cessar, saciado e já manso,

As roupas voltarem a cobrir teu corpo e teu vício,

Dares um último olhar, um riso e um aceno,

Bateres a porta às tuas costas e tomares a rua,

Vestirás a máscara e não serás mais minha.

E quando te encontrar caminhando na calçada,

E nem um olhar cúmplice e furtivo me lançares,

Reconhecerei nessa mulher cândida, quase anjo,

A fêmea desnuda de roupas e máscaras,

Que delira em cada toque sob meu corpo em febre.