Aurora Crepuscular

As sombras lá estão

Ao meu acordar

Quando não te encontro no mesmo leito

Onde nos costumamos encontrar

Sendo então que os meus olhos contemplam a

Aurora Crepuscular

Pois ambos viemos desse tal planeta das sombras

Onde a humanidade se evanesceu

Por ter renunciado ao sonho

E ter assim trocado de lugar

Com as silhuetas

Que o seu corpo

Costumava projectar

E eu assim

Projecto o meu amor em ti

Deixando os pesadelos

Para mim

Pois corro o risco

De me tornar em sombras

Se abjurar

A minha capacidade nata

E intrínseca de sonhar

Se te julgar perdida para sempre

Pois nada dura tanto

A não ser os 2

Sendo que o que nos separa

E dilacera

Fica sempre para depois…

Depois das monções

Depois das lágrimas

Depois das tempestades

A que por vezes damos demasiado largas

Demasiada importância

Deixando-nos invadir por esse sedutor veneno

Dado as dissenções

Terem o dom

De nos aproximar

A dor comum

Ser um prato agridoce

Que gostamos de apreciar

Sendo esse

O legado hereditário das trevas

Do qual nunca nos conseguimos de facto separar

São parte da natureza

Que desejamos

Mas não conseguimos apartar

Pela estúpida razão

Absurdo motivo

Que amo o teu lado indomável

Que o desejo comigo

Enquanto recordo

As palavras que costumas repetir

Aos meus ouvidos

Para estabelecer

As sempre provisórias tréguas:

“És a metade que falta

ao meu coração

és do verso meu

o meu refrão

és o raio de luz

que mais gosto de ver

logo

ao amanhecer

és a parte da alma

que me devolve a crença

na imortalidade

és o sorriso

que potencia a minha interioridade…”

E eu docemente

Finjo acreditar

Nesses palavras

Que dizes

Cada vez

Que te preparas

Para te afastar

Para o reino das sombras

Onde tens necessidade

De te proliferar

Enquanto eu prefiro as luzes criativas

Existenciais

Sendo por isso que te amo

E amarei

Sem nunca te abandonar

Jamais!

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 08/01/2010
Código do texto: T2018330
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