Aurora Crepuscular
As sombras lá estão
Ao meu acordar
Quando não te encontro no mesmo leito
Onde nos costumamos encontrar
Sendo então que os meus olhos contemplam a
Aurora Crepuscular
Pois ambos viemos desse tal planeta das sombras
Onde a humanidade se evanesceu
Por ter renunciado ao sonho
E ter assim trocado de lugar
Com as silhuetas
Que o seu corpo
Costumava projectar
E eu assim
Projecto o meu amor em ti
Deixando os pesadelos
Para mim
Pois corro o risco
De me tornar em sombras
Se abjurar
A minha capacidade nata
E intrínseca de sonhar
Se te julgar perdida para sempre
Pois nada dura tanto
A não ser os 2
Sendo que o que nos separa
E dilacera
Fica sempre para depois…
Depois das monções
Depois das lágrimas
Depois das tempestades
A que por vezes damos demasiado largas
Demasiada importância
Deixando-nos invadir por esse sedutor veneno
Dado as dissenções
Terem o dom
De nos aproximar
A dor comum
Ser um prato agridoce
Que gostamos de apreciar
Sendo esse
O legado hereditário das trevas
Do qual nunca nos conseguimos de facto separar
São parte da natureza
Que desejamos
Mas não conseguimos apartar
Pela estúpida razão
Absurdo motivo
Que amo o teu lado indomável
Que o desejo comigo
Enquanto recordo
As palavras que costumas repetir
Aos meus ouvidos
Para estabelecer
As sempre provisórias tréguas:
“És a metade que falta
ao meu coração
és do verso meu
o meu refrão
és o raio de luz
que mais gosto de ver
logo
ao amanhecer
és a parte da alma
que me devolve a crença
na imortalidade
és o sorriso
que potencia a minha interioridade…”
E eu docemente
Finjo acreditar
Nesses palavras
Que dizes
Cada vez
Que te preparas
Para te afastar
Para o reino das sombras
Onde tens necessidade
De te proliferar
Enquanto eu prefiro as luzes criativas
Existenciais
Sendo por isso que te amo
E amarei
Sem nunca te abandonar
Jamais!