HINO AO AMOR EM CANTARES


Ah! Quem me dera que foras como minha irmã,
Que mamou aos seios de minha mãe!
Quando te encontrasse lá fora, beijar-te-ia,
E não me desprezariam!
Levar-te-ia e te introduziria na casa de minha mãe,
E tu me ensinarias;
Eu te daria a beber do vinho aromático
E do mosto das minhas uvas.
A sua mão esquerda estaria debaixo da minha cabeça,
E a sua direita me abraçaria.

Põe-me como selo sobre o teu coração,
Como selo sobre o teu braço,
Porque o amor é forte como a morte,
E duro como a sepultura o ciúme;
As suas brasas são brasas de fogo,
Com veementes labaredas.
As muitas águas não podem apagar este amor,
Nem os rios afogá-lo;
Ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor,
Certamente o desprezariam.

Desci ao jardim das nogueiras, para ver os frutos do vale,

A ver se floresciam as vides e brotavam as romãzeiras...!

Desvia de mim os teus olhos, porque eles me dominam!
As suas faces são como um canteiro de bálsamo,
Como flores perfumadas;

Os seus lábios são como lírios gotejando mirra com doce aroma.

A sua cabeça é como o ouro mais apurado,

Os seus cabelos são crespos, pretos como o corvo.

Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul;
Assopra no meu jardim, para que destilem os seus aromas.
De noite, em minha cama, busquei aquela a quem ama a minha alma;
Busquei-a, e não a achei.

Minha amada levou-me à casa do banquete,
E o seu estandarte sobre mim era o amor...!


Adaptado