DESENTOADA MORENA

Ontem vi-te no terraço

A entoares velhas cantigas

O firmamento emoldurava

Teu colo amulatado, alvi-celeste

Contrapondo-se às claves

Dos amotinados sons que emitias

Desafinados, bem sei,

Nada que preste...

Só mesmo eu a me prestar

A prestar completa atenção

Às dadivosas brechas

De tuas diáfanas vestes,

Ao modo como te conduzias

Com passadas indeléveis

A desarmonizá-las à música

Vibrando seus maus decibéis

Fica desentoada morena!

Vê se não te arremetes

Continua a desarranjada melodia

E bem assim o faças, dia após dia

Meus ouvidos desprezam teus sons

Mas meus olhos não se despregam

Das polpudas visões de tuas virilhas

Ah... E como este cantar, então, fica bom...