Um dia, Meu Amor, temos encontro marcado no eclipse…
Tudo acaba
Bem ou mal
Mas tudo
Tem que de novo recomeçar
Seja na terra das sombras
Ou num local
Onde o sol é eterno
Não parará nunca de brilhar
Tudo acaba
Uma espécie de pensamento
Porventura algo obsessivo
Pelo terror que tenho das coisas que terminam
Quando é da eternidade
Que eu quase sofregamente preciso
Tudo acaba…
Desde o amor mais pleno
Ao poema que deu um gosto especial a escrever
Tudo acaba
Pois se não fosse isso
Nada poderia nascer
Tudo acaba…
E eu estou tão farto
Desta lei não escrita
Mas primordial
Queria-te segurar nos meus braços
Depositar o belo que tenho em mim
Em ti
Sem ter a preocupação
De outra ter de procurar
Pois a solidão é insustentável
E outro amor
Tenho de encontrar
Para poder viver
Dar-me ao luxo de continuar a respirar
E a criar
Sempre a criar
Tal como novas palavras
Para novos poemas
Para novas vidas
Estejam elas nos crepúsculos
Ou na luz
Porque a vida
É a minha essência
E mesmo depois
De um terrível holocausto
Eu sei que ela existe
Por isso
Um dia, Meu Amor, temos encontro marcado no eclipse…