A mulher que era meio sombra meio luz

Tinha vindo

De um lugar

Onde deixaram as sombras prosperar

Era uma espécie de refugiada

Do eclipse

E da vida

Já pouco tinha a esperar…

Escolheu para viver o seu exílio

Na Cidade Luz

Para onde a sua ternura

A conduz

Instintivamente

De forma a fugir

Das lágrimas negras que deita

Cada vez que se esquece

Que não vive no passado

Mas sim no presente

E ela vive

Duas vidas

Uma crepuscular

Outra

Luminosa

Ela vive dos restos

Das recordações de quem amou

E que o tempo

Seu maior aliado

Seu pior inimigo

Tudo levou

E ela é incapaz de amar

Sem ser numa noite bem bebida

Trocando corpos quentes

Como quem troca de vida

Dando beijos sem os sentir

Parando a meio

Para recitar poesia

Que ninguém quer ouvir

Ela é dona do seu coração

Dos sonhos que ainda não foram desfeitos

E que pertencem

À sua imensidão

E eu conheci-a

Numa das suas noites loucas

E sem sentido

E eu fui mais um que a amei

Por uma breve eternidade

Ficando com a sua parte das sombras

Que tal como ela

Tento equilibrar com a luz

Nas minhas noites sem nada

E dias por vezes sem sentido

Sendo que o meu único desejo

É que a tivesse comigo…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 07/01/2010
Código do texto: T2015793
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