O BARDO E A POETISA - PARTE II

A POETISA – Meu bom senhor, que belo som produz.

Vós, que estás com a música em harmonia.

Diga-me, donde vem a inspiração

Para criar, dos deuses, tal beleza?

O BARDO – Senhorita, sou um bardo, não senhor!

Sou jovem, como vês em minha face.

E, assim como, em ti, brilha o frescor

Da juventude, em mim também floresce!

A POETISA – Perdoe-me, meu jovem bom amigo.

Não foi por mal que eu quis assim tratar-te.

Pois, vi-te pelas costas, ocultado

Teu rosto, por madeixas cacheadas.

Ainda mais que ouvi tua canção

Tocada por mãos tão experientes

Que faz crescer bem mais o meu espanto

Ao ver que tuas mãos são joviais

De um corpo, de um rosto juvenil.

O BARDO – Agora, com prazer, responder-te-ei.

Querias tu saber da inspiração.

Mas se eu disser que ela está presente,

Comigo, tu irás te assustar.

A POETISA – Diga-me, não pode ser ruim.

O BARDO – A minha inspiração é uma pessoa

Que antes de tua vinda era esperada.

E, foi-me revelado pela noite.

A minha inspiração é, pois, tu mesma.

“A poetisa se sentou junto a uma pedra e ouviu a história do bardo.”

O BARDO – Disse-me a noite que tu vinhas vindo.

Falou-me que era grande a tua beleza

E em tua boca nasciam poesias.

E que, por ti, eu me encantaria

Inebriado em meio às tuas palavras.

Só esqueceu-se de dizer-me uma coisa:

Que nem em sonhos eu avistaria

A forma mais sublime da beleza.

A POETISA – Querido bardo amigo, eu sonhava

Com este dia em que eu encontraria

A romanesca harmonia a exalar

Doces notas musicais em meus ouvidos.

Assim, eu poderia conhecer

Aquele que compôs em sua lira,

À espera da donzela que chegava,

A canção que será nossa em nossos dias.

Oh, meu querido bardo, sou de longe.

Eu sou viandante, eu sou de terra amiga.

E, foi por ti, que andei grande distância.

Em ti, conhecerei a inspiração.

“Nesse instante, o bardo começa a falar de sua inspiração.”

Fim da 2ª parte.