7° dia
Fiz ruirem as ruas por onde passei
e das cegantes estrelas que iluminavam o céu, fiz o breu.
e da nossa caótica unidade fiz o meu e o seu.
Fiz cortarem o vento as palavras
e os muros pararem nas estradas
e o amparo dos ombros morreu
desabaram meu mal e o meu deus
fiz tornarem ao útero as flores
desenhei uns jardins desbotados
com as mal amadas cores de outono
fiz romper em aurora a meia-noite
fiz descerem dos céus os agouros
e amantes fiz serem castrados
que o seu silêncio não baste do estrago
que o estrago não bata nos dentes
fiz brotarem do chão poucos pássaros
e comerem a carne dormente
fiz do escárnio nos lábios do tempo
o terror sepultado em meu rosto
e na areia eu plantei o desgosto
fiz crescer em um solo tão árido
um quintal molestado de agruras
fiz rir e assobiar como o vento
e levar sua língua serpente
e os seus olhos dormirem pra sempre
fiz do ar que antes respirávamos
uma pedra no corpo da gente