7° dia

Fiz ruirem as ruas por onde passei

e das cegantes estrelas que iluminavam o céu, fiz o breu.

e da nossa caótica unidade fiz o meu e o seu.

Fiz cortarem o vento as palavras

e os muros pararem nas estradas

e o amparo dos ombros morreu

desabaram meu mal e o meu deus

fiz tornarem ao útero as flores

desenhei uns jardins desbotados

com as mal amadas cores de outono

fiz romper em aurora a meia-noite

fiz descerem dos céus os agouros

e amantes fiz serem castrados

que o seu silêncio não baste do estrago

que o estrago não bata nos dentes

fiz brotarem do chão poucos pássaros

e comerem a carne dormente

fiz do escárnio nos lábios do tempo

o terror sepultado em meu rosto

e na areia eu plantei o desgosto

fiz crescer em um solo tão árido

um quintal molestado de agruras

fiz rir e assobiar como o vento

e levar sua língua serpente

e os seus olhos dormirem pra sempre

fiz do ar que antes respirávamos

uma pedra no corpo da gente

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 06/01/2010
Código do texto: T2014972