Estas paredes…
Que por vezes colocas
Em frente das minhas janelas
Paredes vastas
De um inacessível silêncio
Paredes demasiado sólidas
Para que as possa trespassar
Paredes de sombras
Através das quais
Não me é possível sonhar…
Paredes
Das quais sei a composição
Cinzas de sonhos finitos
Sangue
Do teu despedaçado coração
Juntas pela argamassa
Composta de infinitas noites sem dormir
De lágrimas
Elevadas à categoria de cataclismo
Porque passou por ti
Um enorme furacão
E assim tiveste que agir
Que tomar uma atitude
Mas só te lembras-te
De te refugiar nas sombras
De seres uma delas
Enquanto outra
Tomou o teu lugar
E com as tais paredes
Me quis cercar
O que recuso
Pois preciso tanto do espaço
Infinitamente livre
Como preciso de ti
Porque te amo
Mesmo que sejas
Um reflexo do que foste
Porque
Por muito estranho que pareça
Ainda há amores
Como o meu
E o teu
Assim…
Nestas paredes…