Drummond estava certo
(Eu),
a colombina,nos lares,nos bares,
colorida,enfeitada,perfumada,
rodeada sempre por pierrots e arlequins,
mas dentro,bem dentro,
por trás do sorriso estampado,
guardo uma tristeza dentro de mim.
Certa vez,ainda em idade tenra,
li o poeminha'Quadrilha',de Drummond,
e ali senti que o amor não ocorre sempre,
e que a dor talvez seja
de alguns,a eterna companheira.
Li,reli,vivenciei,senti muito,
e me cansei de fato de ser personagem de tal poema.
Para me abastecer,me encantar,me enganar,
escrevo uma poesia eternizando o meu grito.
(Pierrots e arlequins),
Querem guardar-me no fundo de suas almas,
mas eu,que aprendi a ser só,
não me deixo guardar.
Querem banhar-me com o clarão da lua nas noites de tempestade,
mas eu,que aprendi a me lavar sozinha,
acostumei-me a namorar a lua
em todas as ocasiões de tempo,
já não me encanto com as mesuras de arlequins
nem me comovo com as declarações de pierrots apaixonados.
Tenho a impressão
de ter chegado cedo demais,outrora,
quando deveria tardar,
mergulhei,degustei,sangrei e
me afinei com a tristeza,
quando o cavaleiro de anseios mil
se aventurou pelos ares,
me deixando para sempre na fotografia desbotada,
que trazia o cheiro da primavera de sonhos.
Quando a vida me presenteou
novamente,respirei,como há muitos anos não fazia,
falei e fui ouvida,pude enfim trazer para o encontro todos os autores que me acompanham pela vida,como se fossem parte de minha indumentária.Mas o cavaleiro que veio com a brisa,
tão suave,tão leve,
deixou a mesma impressão
da leveza da brisa tênue
que não se demora por entre os dedos.
Novamente a impressão...
mas agora é a de ter
tardado muito a chegar na história do amante do Guerreiro da luz.
E por fim,Drummond me consola ou me entristece como sempre com seu:
"João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili...
E eu continuo com muita sorte no jogo.