NA AREIA MOLHADA

Flutuavam sobre nós, como chuviscos oriundos do céu,

respingos das ondas que se misturavam aos nossos suores

enquanto seus beijos encontravam os meus e o sol aplaudia

o recrudescer dos nossos abraços sobre a areia molhada

Seu corpo e o meu, em carinhoso atrito, se deliciavam

e nossos pés já nem sentiam a língua do mar lambendo-os

estávamos longe dali, os dois como um, nalgum lugar feliz

sob o domínio do amor na suave doçura da areia molhada

Entrelaçamo-nos como somente corações que se amam fazem

a praia sendo nossa alcova, o céu nosso edredon todo azul

e a nossa cama, ali onde a perfeição da intimidade se forma,

tinha toda a dimensão daquela areia molhada da saliva do mar

Naquele delicioso instante queríamos o paraíso momentâneo

um inesquecível intervalo no mais profundo sétimo-céu

e desejávamos isso de modo inconcebível, sem refletir,

mesmo que o universo escolhido fosse a areia molhada

Nós dois, o mar ondulado, a brisa sorridente nos acariciando

nada mais, pois que tudo esquecido, distante, indiferente

ali na areia molhada só anelávamos a fusão, o acoplamento

a abundância de ânsias loucas em busca do lindo êxtase

deixando as marcas de nossos contornos à admiração do sol

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 05/01/2010
Reeditado em 05/01/2010
Código do texto: T2011580
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