NA AREIA MOLHADA
Flutuavam sobre nós, como chuviscos oriundos do céu,
respingos das ondas que se misturavam aos nossos suores
enquanto seus beijos encontravam os meus e o sol aplaudia
o recrudescer dos nossos abraços sobre a areia molhada
Seu corpo e o meu, em carinhoso atrito, se deliciavam
e nossos pés já nem sentiam a língua do mar lambendo-os
estávamos longe dali, os dois como um, nalgum lugar feliz
sob o domínio do amor na suave doçura da areia molhada
Entrelaçamo-nos como somente corações que se amam fazem
a praia sendo nossa alcova, o céu nosso edredon todo azul
e a nossa cama, ali onde a perfeição da intimidade se forma,
tinha toda a dimensão daquela areia molhada da saliva do mar
Naquele delicioso instante queríamos o paraíso momentâneo
um inesquecível intervalo no mais profundo sétimo-céu
e desejávamos isso de modo inconcebível, sem refletir,
mesmo que o universo escolhido fosse a areia molhada
Nós dois, o mar ondulado, a brisa sorridente nos acariciando
nada mais, pois que tudo esquecido, distante, indiferente
ali na areia molhada só anelávamos a fusão, o acoplamento
a abundância de ânsias loucas em busca do lindo êxtase
deixando as marcas de nossos contornos à admiração do sol