Leme
Aqui estáis, novamente
e debaixo de tantas águas persisteis em não saber quem sois.
e o que quereis.
a corrente vos carrega,
mas sua força não é suficiente para arrancar do solo infecundo e tristonho das palavras
vossa âncora de medo e insegurança.
vós sois mais uma corda a ser corroída
somente ligais o infinito ao vazio
somente estais entre o nada e o nada
sois apenas o que fôreis
e sempre sereis
à estática estais fadados
e vossa bandeira jamais se fará hastear
e vosso hino jamais se fará bradar
pois seguis preso à vossa ingenuidade
e à vossa pluralidade.
aqui estáis, novamente!
trôpegos e crassos
múltiplos e únicos
braços do mesmo tu
vozes do mesmo eu
tu já é vós e vocês
aqui estáis, novamente.
mortos,
fartos,
fortes,
vós sois tudo que já quisestes e tudo que nunca quereríeis.
vós sois o amálgama de vosso - meu e teu - tudo e nada.
vós sois o que nunca entendereis.
e agora estais frouxo e firme
e em devaneios que vos transportam feito as ondas
e vos quebram como as mesmas.
e vos transgridem, e vos transcendem,
como a luz ao oceano.
Aqui estáis, novamente.
E agora, o que quereis?