Leme

Aqui estáis, novamente

e debaixo de tantas águas persisteis em não saber quem sois.

e o que quereis.

a corrente vos carrega,

mas sua força não é suficiente para arrancar do solo infecundo e tristonho das palavras

vossa âncora de medo e insegurança.

vós sois mais uma corda a ser corroída

somente ligais o infinito ao vazio

somente estais entre o nada e o nada

sois apenas o que fôreis

e sempre sereis

à estática estais fadados

e vossa bandeira jamais se fará hastear

e vosso hino jamais se fará bradar

pois seguis preso à vossa ingenuidade

e à vossa pluralidade.

aqui estáis, novamente!

trôpegos e crassos

múltiplos e únicos

braços do mesmo tu

vozes do mesmo eu

tu já é vós e vocês

aqui estáis, novamente.

mortos,

fartos,

fortes,

vós sois tudo que já quisestes e tudo que nunca quereríeis.

vós sois o amálgama de vosso - meu e teu - tudo e nada.

vós sois o que nunca entendereis.

e agora estais frouxo e firme

e em devaneios que vos transportam feito as ondas

e vos quebram como as mesmas.

e vos transgridem, e vos transcendem,

como a luz ao oceano.

Aqui estáis, novamente.

E agora, o que quereis?

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 04/01/2010
Código do texto: T2009924