Melancolia
Melancolia
Há um verso solto e melancólico
pairando em minha alma.
Nele há sons dissonantes de
harpas e o barulho incessante
das asas de um anjo torto.
Sinto-me à beira de um abismo,
no limite do tempo que
separa dia e noite.
Procuro nos poemas de outrora
o resquício da Poetisa
que se perdeu no espaço
da rotina, no preto e
branco do cotidiano.
Não há esperanças no
horizonte que vejo,
apenas o sabor agridoce
das lágrimas que percorrem
o sulco do meu rosto.
Na lembrança de agora vislumbro
o que fora perdido, a
angústia do que não mais retorna.
Tento juntar pedaços do vaso
partido, mas os fragmentos
viram pó ao toque
de minhas mãos.
Hoje somente a melancolia
do verso que compõe
esse triste poema
persiste em mim.
Salvador, 27 de dezembro de 2009.
Rita Venâncio