Fidelidade

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Merecemos esquecer o calor da vida e seus encantos,

simplesmente por causa do desencontro casual?

Ser de alguém e a este alguém pertencer, sim,

invalida todas as outras buscas, tornando-se um mal?

Não há nenhuma culpa nem culpados... há o real;

há o valor da vida que se nos mostra sempre ativa.

Se os dissabores e os reveses nos consagraram amigos,

mesmo que através de uma casual situação,

esses mesmos reveses nos podem revelar, sem castigos,

os prazeres de uma nova e intensa sedução.

Que as investidas não sejam tidas como agressões;

que as possíveis tentativas apenas sejam ouvidas...

Falando sim ou falando não, escute-me, isso basta!

Afinal, meu desejo é verdadeiro e a retórica é vasta.

Não tenha medo de ser taxativa e talvez fria...

Você pode me xingar ou, quem sabe, fazer ameaças!

Nada me impedirá de tentar, deixando às traças,

O imenso desejo de tocar, sem pressa, sua pele macia.

Se o trair for algo íntimo, não revelado e introspectivo;

sem nenhum toque, sem nenhuma ação de desejar,

já estamos pecando no inigualável ato de verbalizar.

Repense valores e prossiga ou tente, isso não é instintivo.

E se o fosse, que maldade haveria no ato em si?

O amor não é a dimensão de um doar-se?

Estamos distantes... Ah, se você estivesse aqui!

Não seríamos errantes – estaríamos em Marte!

Nijair Araújo Pinto

Fortaleza-CE, 9 de maio de 2007.

21h10

Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 29/12/2009
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