desdita

não posso ficar sem te ver tão bonita,

jamais tive escolha naquilo que colho;

tu és o murmúrio da minha desdita,

mas és o tempero que falta ao meu molho

não és esse beijo de paz que me evita

as noites sem sono em que não prego o olho;

não és muito calma nem muito aflita,

não gostas de alface nem comes repolho

e quando me abraças, minha voz se agita

se tenta, não grita: eu passo o ferrolho

mas o coração, esse pobre palpita

pois és a desdita que sempre escolho;

com tudo o que tens minha alma se excita

e o que falta em ti eu venero e recolho

Rio, 20/08/2009

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 28/12/2009
Código do texto: T1998810
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