O BARDO E A POETISA – PARTE I
O BARDO - O dia terminou silencioso.
Aqui, eu ouço o vento sussurrando
Dizendo-me mistérios no ouvido.
‘Inda não compreendo tudo isso.
É como algo prestes a acontecer.
Mas eu não sei! Ainda não estou certo!
Só quero aqui tocar a minha lira.
O FIM DO DIA – Já é tempo, de ti, me despedir
Pois, logo vem a noite escurenta.
E, cuidado com o que está encoberto
Na noite de rumores e suspiros.
É tempo, bardo! Acaba a minha vez.
Amanhã, chegarei mais portentoso
E ainda te verei mais jubiloso
Por que uma surpresa se aproxima.
“O dia desaparece, logo, chega a noite!”
A NOITE – Aqui, começa mais um meu reinado
Sucedendo-se intermitentemente.
Eu sou a noite, bela e enluarada
Mostrando a face a quem me admira
Pois, só quem é na alma um ser sensível
Pode sentir o meu completo encanto.
O BARDO – Oh noite bela, Oh noite enluarada
Não sei por que meu peito se aflige
Tão cedo, já senti-me afetado
Por uma angustia dentro do meu ser.
Como se em mim algo... algo vem mudando...
Pra que eu venha a conhecer o desconhecido.
A NOITE – Pois, revelar-te eu hei o que te aguarda
O que já vem apresentar-se a ti.
Ela é mais bela, ela ela é uma donzela
Uma doce aprendiz de poetisa.
O BARDO – Como sabes, Oh noite, tudo isso?
Quem foi que deu-te tal sabedoria
De advinhar o tempo que é futuro
E animar, do bardo, o espírito?
A NOITE – Há coisas que pro homem são ocultas
Que só ao transcendente são possíveis
Contenta-te com o que te é revelado.
Cala-te! Pois, já ela se aproxima.
Cala-te! E comece a tocar tua lira.
O BARDO – Por que devo? Que tem a minha obra?
A NOITE – Ela virá no ouvir da tua harmonia.
“O bardo começa a tocar o seu instrumento.”
A POETISA – Oh Deus, que som! Que som belo eu ouço!
Tão pura e afinada melodia.
Em mim, que de tão longe vou chegando
Ela invade meu peito que se agita.
“A poetisa desce o barranco de pedras e embaixo avista o bardo de costas.”
Fim da primeira parte.