Se por acaso voltares
Se por acaso voltares
Para esquecer os pesares
Que a ventura te legou,
Desfaz(e) a mala, sem medo,
Sabes da porta o segredo
Se esquecido não ficou.
Se despertar-te a vontade
Inda possuis liberdade
Para os desejos fartar;
Caso não tenhas mudado,
Encontrarás ao teu agrado
Castanhas e uísque no bar.
Por favor, não te magoes,
Peço sim que me perdoes
Pela moldura vazia;
Na incerteza do retorno,
Para não causar transtorno,
Guardei tua fotografia.
Se desejares ficar,
Poderás desabafar
Com Bethânia a noite inteira,
E se não for suficiente
Poderão ser confidentes
Os livros de cabeceira.
Devo estar entre os boêmios,
Ostentando como prêmios
Ilusões da mocidade,
E só devo aparecer,
Quando a lira emudecer,
Embriago em saudade.
Jorge Moraes -
Livro: Acalantos - publicação anos 80