DESENCONTRO...



Ao entrar na sua estrada,
quis ver meus sonhos realizados.
Tola e incoerente,
lentamente os vi serem cimentados...

Camuflada em falsa alegria
abandonei as desventuras da vida...
Deslizei qual pássaro de asas quebradas
para meu abrigo interior
e amarguei a desdita dor.

Silenciosamente minh'alma se agita
e num esforço supremo
arfante, sopra palavras argentadas
por sobre a lápide inerte e fria
tentando reverter a impassibilidade
da camada fina de argamassa,
lisa e endurecida.

Por sob as ruínas da fatalidade
inerte, jaz a emoção do sentimento...
Em cinzas, os momentos
que idealizei ao longo do caminho
e desfeitos por uma realidade,
inconstante e fatigante.

Num espaço intrincado
os vi dominados
por um tempo insano e profano,
onde o amor se fez desencantado.

O vento abriu caminho
para uma inumana distância,
brotou um silêncio ensurdecedor...
O firmamento não se firmou
e desabou em tristes lamentos.

O chão secou...
Onde plantei sonhos
floriu apenas espinhos
e no manto da escuridão,
anoiteceu...

Nasceu desencontro e solidão
e a saudade de mansinho
no meu corpo adormeceu... 

 
2006
 
 

Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 22/07/2006
Reeditado em 03/07/2011
Código do texto: T199580