A rosa nasceu numa fenda do concreto
No espaço improvável cresceu radiosa
A rudeza do cimento áspero e bruto
A fez mais bela e ainda mais cor de rosa
Como pode esta flor ter nascido ali?
Inquiriu com desdém a gente curiosa
Não sabem, que a natureza desenha
Seus encantos de maneira astuciosa
A flor simplesmente cedera sua beleza
Sua ternura e sua maciez espantosa
Contrapondo-se ao cimento horroroso
Para que a vida se tornasse graciosa
A beleza, contudo não resiste ao tempo
Nem aos mistérios da mãe caprichosa
A frágil flor pereceu num temporal
Retornou a paisagem cinza e asquerosa
Um dia, todavia o sol voltou a brilhar
Rebrotou a roseira da semente teimosa
E nos braços da primavera itinerante
Renasceu tímida, a flor despretensiosa!