NUVEM PEREGRINA

Busquei minhas saudades,

adormecidas até pelas amarguras,

querendo chorar sem ter sonhos,

pois cessaram em tristezas,

quando vivia momentos felizes,

que jamais imaginaria acabar.

Lembro de seus sorrisos ternos,

tão doces que me inebriavam,

e num pulsar de momentos,

abraços e beijos trocávamos,

sem disfarces diante de verdades,

que nossos corações ansiavam.

Como crianças que correm afoitas,

para depois retemperar suas forças,

buscávamos entre prados verdejantes,

espaços para o céu azul contemplar,

e depois de localizar nuvens serenas,

imaginar as figuras que iriam formar.

Uma delas se desprendia aos poucos,

e graciosa parecia ser um bonequinho,

até que se desfazia um tanto preguiçosa,

sendo que outra lhe tomava o lugar,

parecendo então um leão furioso,

de mentirinha que nos fazia sorrir.

Nuvem peregrina de tantas facetas,

que seguia seu caminho até cansar,

recebia então no entardecer sereno,

cores esfusiantes de raios do sól,

vermelho, amarelo, laranja, outras até,

para mostrar vaidades só para nós.

Assim um reviver de saudades floriu,

de dois personagens que tanto se amavam,

e viveram esses momentos tão doces,

floridos por recordações que guardei,

e se uma nuvem peregrina um dia vai,

uma parte de mim também assim o fez.

23-12-2009