Pela Noite Fora…
Procurei
O teu corpo
O teu espírito
Para sobreviver
Urgentemente
Sem demora
Nas horas que teimavam em passar
De uma forma quase obscena
Embora aparentemente
Não lhes dava a vital relevância
No teu carro
Ou seria no meu…?
Pelas estradas do mundo
Que pareciam não ter fim
Em quartos anónimos
Onde tu bebias a minha essência
E eu bebia a de Ti
Na urgência
De querermos acompanhar a Eternidade
De querermos brilhar
Mais do que as Estrelas
Querermos exponenciar
A nossa perecível interioridade
Não sabendo se nos amávamos
Se aquela era uma união
De mera ocasião
Se era algo mais
Do que um conjunto de saudades
Do que fôramos
E que queríamos presente
Um no outro
Suspirando pelo fim de certo tipo de ideais
Por uma espécie de humanidade
Que à nossa volta
Se transformara num crepúsculo
Sem alegria
Sem luminosidade
E como queríamos ser eternos
Como éramos
Uns incorrigíveis tolos idealistas
Os derradeiros
A acreditar
Que o amor
Poderia ser Eterno
Viramos em cada um
A aura desse sonho
Que almejávamos
Alcançar
E por isso a recíproca companhia
Era o nosso único
E perene lugar
Pela Noite Fora…