Fica! Te amo!

Vai-te!

Encoste a porta e deixe apenas

Teu perfume manchar o lençol!

Que amanhã nasça morto o sol

E que me toque a morte serena!

Vai-te!

Deixe-me nas lágrimas que choro

Amaldiçoando o dia em que nasci.

Vai-te agora! Vai-te! Eu te imploro!

Deixe-me no chão a clamar por ti!

Vai-te!

Deixe-me só, desfalecida, no leito.

Triste em mil lamúrias e em pranto.

A lembrar dos nossos beijos tantos

E dos carinhos, sonhos, planos feitos.

Vai-te!

Guardarei de lembrança o teu cheiro

E as amorosas noites compridas, sem fim.

Dos corpos cruzando entre travesseiros.

Eu dentro de você e você dentro de mim.

Não! Fica!

Não deixe morrer as magnólias e margaridas

Nem que nasça morto o fecundo deus-sol!

A casa te chama e lá fora canta a cotovia

E nas ramas da laranjeira canta o rouxinol!

Seque minhas lágrimas que formam oceanos

Ame-me mais uma vez e me acolha para sempre

Deixe que minha língua percorra o teu ventre

Enquanto sussurro ao teu ouvido: Eu Te Amo!

Gil Ferrys
Enviado por Gil Ferrys em 19/12/2009
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