Doença amor!
Muitos tem medo da morte, outros de sangue, alguns de monstros; e as crianças do escuro.
Mas o que há de mais aterrorizante nesse mundo é o que todos sonham em sentir, o amor, isso mesmo , o amor é o maior mal de todos os tempos. Quem de nós nunca chorou por amor? Ou desejou a morte por ele? Ou o que é mais frequente pela falta dele .
Quando se ama se tem a divina ilusão da perfeição, do acalento eterno dos braços desse vil sentimento, só que meus caros o amor é inconstante e esvai-se as vezes até sem motivo... quando se ama se é feliz, sorridente, forte, nos sentimos dono do prazer, capazez de ir buscar o brilho das estrelas pra quem se ama.... mas nos esquecemos de perguntar se isso será o bastante, ou se fará feliz quem se ama.
O doente de amor tem crises de abstinência, acessos de fúria e loucura profunda.... pois que outro nome dar senão louco àquele que fala sozinho como se seu objeto de amor e admiração ali estivesse?
Ou daquele outro que acorda sentindo o cheiro da amada, ou ouvindo sua voz?
E o que é pisado, humilhado , traído , deixado , esquecido e mesmo assim se recusa a esquecer?
Daquele que se apega ao que já não tem mais?
Você se torna escravo do amor sem perceber e já não se imagina sem ele, acha o louco que sua vida terminou, já não tem mais valor... e muitos a sacrificam em nome de alguém que no mínimo não se importa.
Mas para aqueles que ficam aqui para enfrentar o pesadelo da falta de amor o castigo não é menor... ele esquece completamente de si e torna-se um andarilho sem alma e sem sorriso esperando apenas que sua felicidade retorne junto com quem se ama, espera a cada esquina encontrar o sorriso que ilumina sua existência.... para esses a maior prisão são as lembranças de algo lindo que morreu ou pior, talvez só tenha existido em seus pensamentos lúdicos de amor eterno.
Esta pérfida doença deixa tudo à volta de quem a tem sem cor, sem vida, sem sal e sem motivo de existir.... para o que ama os dias se arrastam sem o dito amor e as noites se tornam cada vez mais gélidas e solitárias.
Impulsos de se humilhar, de pedir ,de implorar a volta de quem se ama são constantes para o que ama.
Mais de todos os inúmeros sintomas dessa maldita doença sem perspectiva de cura, talvez o pior seja a falta de amor própio, pois sem este o ser humano se torna fantoche em mãos ilícitas que usam seus sentimentos como arma de destruição .
Sem amor própio o doente vaga sem saber o que fazer pensando apenas em um modo de agradar o ser amado mesmo quando todos à sua volta vêem que este não merece tamanho esforço, o doente louco de amores e cada vez pior a cada minuto se torna misantropo, rude e torna-se um arremedo do que era antes de viver esse tal amor cantado em verso e prosa por muitos através dos séculos, muitos acreditam que o amor te torna alguém melhor....ledo engano, seria melhor alguém que antes sorria e agora só chora? Ou um alguém que sentia-se forte e agora é apenas um frágil ser indefeso? Ou pode se chamar de melhora a morte de todos os sonhos?????
Àquele que ama tem como meta autodestruir-se pois nada é tão bom quanto era ao lado daquele ser amado e adorado....torna-se o doente cego para os defeitos do possuidor de seu coração e burro para discernir que está amando só, dedicando-se a alguém que não tem preparo e muito menos vontade de se tornar o mote da vida de quem quer que seja a não ser a sua própia.
O doente transforma humanos em deuses e talentos em dons, um sorriso em um farol digno de guiar sua existência, um eu te amo em vida pulsante em seu coração... e quando tudo isso se esvai nada pode ajudá-lo a se levantar.....para o que ama em seus muitos acessos de loucura ele sonha em tirar do peito o coração e mostrar que a cada batida ele clama envolto em amargura o nome do ser amado, daquele que inspira o último motivo para o qual vale a pena viver; esperar a volta do amor.
Àquele que ama e não é correspondido (e quase sempre é o que acontece)está fadado a sofrer, está condenado a se esquecer de sorrir, será sempre um nômade andando sem rumo, sem inspiração para cantar, sem motivo para apreciar a beleza de um pôr do sol... e com o tempo chegará ao último passo dessa doença chamada amor, que é perceber a realidade, que foi tolo , louco , infantil, brinquedo alheio, ridículo ao extremo.
E então o doente percebe a inutilidade que foram seus esforços de reconquista, pois só se reconquista o quê primeiro se conquista e se você nunca teve nada a não ser seus sonhos e seus sentimentos a reconquista nunca virá.... para todos os que amam apenas importa amar, viver é consequência, importa apenas a divina ilusão utópica de amor eterno, mesmo sabendo que o amor é etéreo mas está longe da eternidade.... para o que ama resta apenas esperar o corpo tombar pois a alma já não existe... para o que ama a felicidade está guardada dentro dos lábios de quem se ama.... o tempo urge, os séculos se esvaem, e muitos mortos de amor caminham entre nós sem brilho no olhar... são estilhaços do que outrora foram, farrapos , zumbis em busca de alento que não virá jamais, a não ser com a morte, que nesse caso seria um alívio para quem não suporta mais a falta que VOCÊ faz.