Salomão acertou, o rei tinha razão
O tempo nos espreita, filosoficamente,
Fera faminta e sem coração
A nos caçar, sedento, cruelmente...
Se ao menos uma arma divina nos poupasse
Da armadilha que é deixar para amanhã
Tudo o que o hoje nos grita...
Seríamos crianças felizes,
Jamais velhos, eternos cisnes
Deslizando por águas benditas.
Mas a fé e força que nos alimenta
Sempre é nada, o mundo a traga
E o que sobra é essa perplexidade manca
Esta covardia que fere e sangra.
Existe, sim, um tempo para tudo,
Um outro rosto para cada dia
Um sol para cada manhã...
Pois nenhuma manhã será como aquela
Que talvez nos viu nascer...
Vamos indo, que o tempo arma ciladas
Pelas vilas e estradas
Noites e madrugadas.