E nós Fugíamos…
Da sombra
Da luz
Da realidade
Da fantasia
De nós
Evitando-nos um ao outro
Mas indo em rota de colisão
Idílica
Numa clara
Mas absurda
Alegoria
Pela noite fora
O local escolhido
Pelos amantes renegados
Num carro aleatório
Que só tinha dois lugares
E por isso nunca deixarias
De inevitavelmente
Estar ao meu lado
Do amor
Do seu eterno lugar comum
Da dor
Consumando-o em locais imprevistos
Logicamente secretos
Dado o secretismo
Ser o nosso primordial objecto
Fazendo juras
De mantermos o silêncio
De nunca
O nosso olhar cruzar
Pois tínhamos um medo dessa palavra pavorosa
“Apaixonar”
Sabendo bem demais
Que deixaríamos de sermos livres
Como desejávamos
Quando reparássemos
Que o Amor não é uma ilusão
Que realmente existe
E assim
Os olhares nunca se cruzariam
Podendo-nos tocar e acariciar
Mas nunca
Os nossos olhos focar
Pois nesse dia
O Amor
Do qual fugíamos
Iria
Juntos
Nos encontrar…
E por isso nós fugíamos…