Amor engavetado...
Ainda tenho 30 minutos
para pensar
neste dia que atravancou
os meus olhares
como se fossem todos
zebras no meu
caminho...
Então ela olha para mim,
e diz que seu amor
ela guarda dentro da
gaveta da cozinha
porque assim...
só ela entende
do tempero que
vai me dar...
Mas ela é como fera...
e não dá o braço
a torcer mesmo
que tenha
de dizer uma
verdade
nesta
madrugada
que agora
ensaia o dia...
Hoje eu não posso
diz ela
olhando no meu verso,
porque ela sempre sabe
que meu hábito também
é poetar no anverso.
Passo de passagem como
um trem... ignorando
algumas estações dessas
mais abandonadas
e descuidadas, onde as
andorinhas fazem ninho.
Mas não adianta...
por mais que passem as
estações...
numa delas acabo sempre
descendo...porque
ela está lá sorrindo...
não só para mim...porque,
finalmente, aprendeu
o sorriso global...
e aperta nos lábios
os desejos de um
beijo que finge nem
querer dar...
mas que no final
até tem vontade
de dar...
Luminosa ela...
essa luz desse poste
sem graça,
e posto quase no meio
da rua para ficar ali
parado,
como se fosse estátua
diferente
de todos os outros postes.
Então ela diz que pensa,
e que por isso insiste,
e me pede mais cinco
minutos para depois dizer:
ah...que pena...
eu queria mais...
e com a mão gesticula
sua voz
que hoje querendo ouvir
nem ouvir ouvi.
Não importa quase
nada
mais para ela
porque olha nos meus
olhos e diz que
me ama...
mas quando viro os olhos...
na direção do
poente...
fico pensando o que
ela sente
quando estou ausente...
O amor então vira de
repente um verbo
possessivo...eu sou teu.
Você é minha,
mas na cozinha só ela
quer ser a rainha.
Você sabe que eu não tenho
nada contra isso,
porque você pode ser
rainha onde escolher,
mesmo na sala de estar
brincando comigo de beijar...
Claro que eu nem me
importo quando você
brinca de tudo...e me puxa
em você pela
gravata imaginária que
nem mais uso...
Depois de tudo amado
os corpos ali largados
acabam como sempre
artisticamente exaustos,
como num poema de Neruda,rsrs.
E é sim...para teus olhos grandes
que eu escrevo sempre feliz...
Nisso ela se vira de novo
com aquele ciúme
mórbido
e me diz na lata :
você nem imagina o que
posso fazer com você,
nem imagina...
Hum...imagino sim
o que você possa fazer,
porque poucas coisas
são tão perigosas
quanto o teu ciúme...
Mas como estamos no
mesmo barco...meu amor,
afundaremos juntinhos
dando muitos beijinhos,
muitos, muitos, muitos...
Adoro você vestida de ciúmes...
Hum... fica tão bem de biquinho !!!
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Autor: Cássio Seagull
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Poesia que fiz em 16-12-09 às 03.30 h em SP
Lua Nova (primeiro dia) – sol - 26 graus
Beijos e abraços para você...Boa quinta...
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