Espelhos que se Tocam…

Numa suave

Doce

E por vezes triste

Alegoria

Sobre um certo tipo de impossibilidade

Que nos faz crescer para sermos ainda mais amados

E assim ganhar

A Eternidade

Imagens invertidas

Presas àquilo que são

Pois onde não tens nada

Na minha imagem

Tenho o coração

Que bate de tal forma

De tal maneira

De tal sentido

Que saiu da minha prisão

De vidro

Atravessando o espaço que nos separa

Para na mesma imagem

Poder estar contigo

Dado estar abençoado

Ou há quem diga

Amaldiçoado

Por olhar para Ti

Sempre

Para te poder ver envelhecer

Num jogo de espelhos

Da grande feira

Em que transformámos a nossa vida

Expostos aos olhares alheios

Aos olhares

De quem calha por nós passar

Interrogando-se sempre

Porque os espelhos

Estão naquele estranho lugar

Naquela bizarra posição

Ignorando

Que há

E haverá sempre certo tipo de amores

Destinados a estarem juntos

Mas fisicamente separados

Destinados a serem meras imagens

Que fazem do futuro

Uma espécie de passado

Sorrindo

Pelas lágrimas invisíveis

Que dos seus olhos unidimensionais brotam

Por uma espécie de ternura

Na magia escondida

De Espelhos que se Tocam…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 16/12/2009
Código do texto: T1980711
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