Espelhos que se Tocam…
Numa suave
Doce
E por vezes triste
Alegoria
Sobre um certo tipo de impossibilidade
Que nos faz crescer para sermos ainda mais amados
E assim ganhar
A Eternidade
Imagens invertidas
Presas àquilo que são
Pois onde não tens nada
Na minha imagem
Tenho o coração
Que bate de tal forma
De tal maneira
De tal sentido
Que saiu da minha prisão
De vidro
Atravessando o espaço que nos separa
Para na mesma imagem
Poder estar contigo
Dado estar abençoado
Ou há quem diga
Amaldiçoado
Por olhar para Ti
Sempre
Para te poder ver envelhecer
Num jogo de espelhos
Da grande feira
Em que transformámos a nossa vida
Expostos aos olhares alheios
Aos olhares
De quem calha por nós passar
Interrogando-se sempre
Porque os espelhos
Estão naquele estranho lugar
Naquela bizarra posição
Ignorando
Que há
E haverá sempre certo tipo de amores
Destinados a estarem juntos
Mas fisicamente separados
Destinados a serem meras imagens
Que fazem do futuro
Uma espécie de passado
Sorrindo
Pelas lágrimas invisíveis
Que dos seus olhos unidimensionais brotam
Por uma espécie de ternura
Na magia escondida
De Espelhos que se Tocam…