A um Sentimento Inerte
Entrara e saíra tão de repente, que nem notei o tamanho do vazio que deixara.Quando dei por mim, aspirava lentamente o seu perfume que pairava pelos cômodos da extensa casa que nos serviu de ninho e junto com teu perfume já viera a tão dolorosa saudade.
Desejei te ver onde não estavas querido. Fechei os olhos e senti teus fortes braços em minha volta, teu inconfundível sussurros, falando-me o quanto valera à pena. Olhei desesperadamente para todos os recantos daquela casa e vi os nossos momentos espalhados por todos os lados, os nossos sorrisos, nossas hilárias brincadeiras. As minhas lagrimas já me diziam que o tempo (maldito tempo) haverá mudado tudo, acabara nossos sorrisos, nossas juvenis confissões e até as pequenas juras feitas entre nós;
Em pleno êxtase notei minhas mãos geladas pela tua ausência, minha boca seca pela falta dos teus molhados beijos que até aqui me fizera saciar o fogoso desejo de te ter ao meu lado, mesmo que apenas para te ver adormecer em meus braços, acordar para me acariciar o corpo ardente e realizado pelo simples fato de você ter me tocado.
Então, uma longa e incontornável lágrima rolou em meu rosto na bruta agonia do tempo, da perpetua dor da saudade que insiste em permanecer. Amo-te insaciavelmente e num lastimoso esforço deixei que a música das tuas canções me embalasse até adormecer.