D’outra forma de amor
 
(Cânticos de um Brasil)
 
 
Veio lá da montanha
Onde se quebra o relâmpago
Correndo na enxurrada
Chegou à terminada do rio
Onde começa o mar
 
E logo que nele se meteu
Descobriu que este rio não tem cabelo
E n’em pelo
Aonde se agarrar
 
Morreu cedo e cedo virou lenda
Morreu menino
Filho das areias e das conchas
Morreu sem batismo
E por isto é chamado filho do lodo
 
E há quem acredite que na praia é visto um menino
Se sorrindo de gargalhar
Pensou que na água do mar tinha onde agarrar
E vendo que não tinha vai e vem na preamar
Buscando fincar pé na areia buscando fincar pé no mar.
 
Menino sem certo lugar
Tem lugar na areia tem lugar no mar
Tem parte com sereia
Tem parte com costeira
 
Lá na montanha, tem um encanto
Feito pelo pai que viu seu menino na corredeira
Água nasce escondida e sorrateira
No pé de alguma pedreira
 
E em segredo vira rio
Para o pai não ver
O motivo do seu lamentar
 
Pai que sofreu com o rio
As dores dos que serpenteiam
E na vida pai não julga sabe que o rio
Leva e não traz
Aguarda a chuva que nasce do céu
E tem parte com o rio e parte com o mar
 
Chuva que leva e que traz
E na aguada fará seu menino voltar
Do sal do mar do doce do rio para um mesmo lugar
Para o braço da mãe para o abraço do pai
 
Naquela praia tem um menino que si ri de gargalhar
É menino de rio é menino de mar
É menino sem certo lugar
 
 
 
Foto: praia da caçandoca, Ubatuba, SP.
Rabe
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Olimpio de Roseh
Enviado por Olimpio de Roseh em 11/12/2009
Código do texto: T1973041
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