Poema 0759 - O velho dos sonhos

Era uma vez um velho homem que sonhava acordado,

dizia palavras que estavam escritas nas estrelas,

uma em especial, que ficava no rumo da sua cabeça branca,

também cantava as músicas de um mundo diferente,

todas falavam de amor e de uma mulher que amou.

Dizia ele que a noite virou dia antes do amanhecer,

uma luz branca caiu lentamente do céu bem azul,

era difícil acreditar que daquela luz apareceu uma mulher,

linda como a flor, perfumada com a mais rara essência,

nas mãos trazia uma taça, dentro, vinho, mel e leite.

Foi assim que começamos a falar dos sentidos,

ela me ensinou que um sorriso é mais que a palavra,

uma flor tem o peso de uma pedra atirada com força,

a justiça dá ao coração a paz que todos procuram,

o amor é um pirata que vem e leva de pronto tudo seu.

Os sinos tocaram meio dia e já era noite, o sol não brotou,

o horizonte não dourou sua face, o brilho da lua não veio.

precisava um nome, queria saber do meu destino, da vida.

A resposta que ouvi: nada era de verdade, a vida é um sonho,

no seu peito não tem um só amor, ele e a paixão, nada é seu.

Vai algum um dia destes descobrir quantos tesouros tem,

quantas perolas, quanta riqueza acumulou nesta passagem,

fale assim do amor, da generosidade, da honestidade e dos sonhos,

como este que um dia virou noite e a noite te fez sonhar,

preciso agora ir pra minha noite e deixar que o dia volte amanhã.

E assim tudo voltou ao seu ritmo, o velho dormiu,

os sonhos pararam no meio e o sol dourou as estrelas,

andei um pedaço da minha vida pensando nestas palavras,

o amor que tenho não é meu, a paixão não é minha,

só então entendi, sou os sentimentos de quem eu amar.

19/07/2006