Destarte
 
 
Hoje é mais um dia na vida de Maria;
Maria é mulher de muitos dotes e esperta valentia,
 
Nasceu de sete meses de parto natural,
A mãe; mulher de muitos credos teve Maria no quintal,
 
Ali dentro da bacia, em cima da roupa que estendia,
Assim que respirou a respiração, que cria normal
 
Vociferou: Minha santa me acuda; meu pai me guia,
Nasceu esta que se chamara Maria, mãe do menino, nascido no natal
 
Meu senhor Jesus, meu pai oxalá, que farei agora
E n’um arranco gritou: Comadre me ajuda que tive menina!
 
E da dor ao pranto a vizinhança de mulheres Marias, ora;
E tantos são os deuses evocados, que Maria, enfim chora!
 
E foi a ultima vez que na face de Maria a lagrima se fez,
Maria seguiu destino, e logo cedo pariu menino de escura tez
 
Maria diz; com encanto de mãe que se desculpa; o pai é assim... Moreno!
Mas a mãe dele é branca como eu! Vai ser belo moço, vai vê!
 
Vai estudar, e logo que crescer vai enriquecer minha vida e do nenê,
Nenê é o pai que não teve estudo, mal sabe escrever e o pouco que lê
 
É para se alegrar, com o que o filho escreve; ainda que seja o próprio nome,
Na pagina do caderno de beabá, e não falta esperança neste recanto sereno:
 
Barraco de tijolo baiano de seis furos e telha de fibra sem amianto
Lar de Maria, seu nenê e do menino de dez anos, mulato de encanto,
 
Varonil, nascido nesta pátria Brasil, terra de mestiços, encouraçada
Na crença de que bom é o alimento servido na bandeja alourada!
 
 
 
 

Olimpio de Roseh
Enviado por Olimpio de Roseh em 11/12/2009
Reeditado em 11/12/2009
Código do texto: T1972422
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