O Ritual do Amor
 
Quarto de lua, nem a pequena nascente,
nem o esplendor da cheia,
muito menos o recolher-se da minguante,
apenas luz da quarta parte.
 
Noite, céu marinho
bordado de brilhos prateados.
Quatro paredes, um cômodo,
onde emoções mesclam-se com objetos.
 
O recriar da cena, o quadro de novos tons.
Dois corpos: masculino e feminino,
na dança da música dos hormônios,
no tocar-se onde pagão se torna divino.
 
Ritual de intimidade, apenas dois.
Longe de tudo, guardados do mundo.
Olhares, sorrisos, toques,
e por fim, a expressão da face.
 
Êxtase dos sentidos, almas livres,
seres inteiros, sentimentos integrais.
Versos de vida, poemas de sentir,
declamados em vozes murmuradas.
 
Horas que espreguiçam,
que desprezam o tempo,
que fogem da lógica das medidas
e se fazem apenas tempo.
 
E qual tempo? Tempo algum,
tempo que se faz distante,
tempo que se escreve nos corações,
tempo desperto pelo esvair da madrugada.
 
Lá fora, os raios lunares acariciam o dorso das montanhas.
Lá fora, o vento cansado, já deu lugar à brisa.
A natureza está cheia de amantes,
Logo as luzes do sol desnudarão as da lua.
 
E o véu do dia trocará carícias com a seda da noite.
Desejos que se acalmam em suaves sentimentos.
Não se precisa beijar, basta o toque dos lábios.
Multiplica-se o poder das carícias, leves toques.
 
As flores da noite despendem suas fragrâncias.
As palavras de silêncio seguem em escala musical.
Corpos relaxados, um leito, altar de lençóis,
quarto de lua, jóia do céu, memória a fotografar.
 
Lembranças, vagas lembranças, aves fugitivas,
pois que não se quer o concreto, mas o prazer do voo.
Delírio dos corpos, abstrações da mente,
o calor das emoções retintas dos corações.
 
Fogo que não queima, chama que é acaricia,
hálito de almas que mesclam-se em ilusões,
pois que o desejo transmutou-se em asas
e fez ninho oculto nos espaços dos corações.

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 09/12/2009
Reeditado em 11/12/2009
Código do texto: T1968748
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