Não te demores, meu amor...
Não te demores, a noite se aproxima...
Já perfumei meu corpo com aloés e mirra
E com leques de sândalo me abano...
Já me banhei no regato cristalino
E deitada estou, ao pé da cachoeira,
Que faz música suave para mim...
Não te demores, já vesti a camisola,
De cetim bordada para o enxoval...
Já prendi os cabelos com uma fita
Aguardando que chegues e os soltes
Para que eles escondam em mistérios os meus seios
Que aguardam o toque dos teus lábios...
Não te demores... As estrelas e o luar,
Já estão querendo despontar
Neste recanto de bosque que é encantado
E que pertence somente a mim e a ti...
As flores inebriam... Seu perfume,
Despertam-me sentimentos ancestrais
Aos quais, no amor, me curvo docemente...
Ouço ao longe tua voz... E as geleiras
Derretem-se ao som da voz amada...
Meu corpo aquece e como flor se abre:
São pétalas de rosa perfumada
“Entreaberto botão transforma-se na rosa...”
Pronta para a ceifa, à tua espera...
Meu corpo se prepara para o encontro
E, em almofadas de relva orvalhada,
Ondula, como ao vento as flores dobram-se,
Numa dança... De volúpia impregnadas...
-Vem, meu doce amor... A noite canta...
De flores adornei o nosso ninho
De amor imortal e infinito...
Minhas pernas aguardam tua chegada
Para enlaçar-te, assim como meus braços,
E na conjunção do amor sermos um só...
Meus lábios anseiam por teu beijo
E minha língua quer sentir o teu sabor...
Hei de dar-te o meu amor eternamente
E no meu corpo hás de encontrar delícias
Que recompensarão as lágrimas vertidas...
- Mas, ao nascer o sol, quebra-se o encanto!...
Voarei com Pégasus a plagas mui distantes
Aguardando outro alinhamento das estrelas
Para que possa vir extasiada ao teu encontro...
Bebe o néctar dos deuses, vinho raro,
E o mais puro mel já fabricado,
Para que, do próprio amor alimentado,
Possas esperar até que eu venha outra vez...
E sempre haverá encanto nestas noites...
E nossas vozes de amor serão suspiros
E o teu sussurro será sempre o meu canto
Onde as melodias são sempre a harmonia
E se espalham em Boleros de desejo
Passando após, aos suaves Acalantos...
... E eu cantarei para que durmas
Tranqüilo entre meus braços e meus seios...
E te ninarei como às crianças
Para que tenhas sono bom e tenhas sonhos
E acordes sorrindo entre meus braços
Antes que eu tenha de te dizer “Adeus!...”
-Vem, meu doce amor!... Estou te esperando...