Vó Aurora
Brotou-lhe dos olhos uma única lágrima
a rolar pela face, marcavam as linhas que amei,
seu rosto, meu porto onde segura esperava o amanhecer
e nele o sol clareando os caminhos pelos quais deveria seguir.
Refletindo amor, dormiu na paz tão almejada,
no vazio da vida onde o sorriso do amor sempre reinou,
calou sua voz na garganta do tempo onde por ela eu ainda lutava,
e como areia, escapou-me entre os dedos deixando a saudade que ficou.
Aurora em minha vida, anunciava o novo nos anos que vivi,
caminhava seus passos semeando a justiça com a força dos que sabem sonhar
e sonhava a paz, cantava o amor pelo mundo sem rimas onde a guerra eu vi
quebrando a beleza do encanto que Aurora encantada meu céu veio restaurar.
Um nome, uma pintura, um céu pintado em sol,
na alma a dor que se funde ao sentir a saudade que me deixa tão só,
nos versos onde pensei amor, lhe vi sorrindo nas rimas que trazia em si
e cantei ao chamar por seu nome nos acordes ecoando minha alma em pó.
"Aurora, um nome, uma mulher,
a mais bela que já vi.
Aprendi com ela a ser o que sou,
a sonhar, a sorrir, a servir,
Aurora, muito mais que o amor,
essência, verdade, sapiência,
hoje dorme a Aurora da minha vida,
mas na fé que ela mesma me deixou,
espero em breve reencontrá-la
e no mesmo abraço com o qual sempre me abraçou,
deitar amor no colo da vida
onde ela minha alma abrigou..."
24/06/2006