IMAGEM

Sentado na beira da enorme baia,

Tantas pedras na grama, na relva,

Eu numa delas, a mais formosa.

Olhar correndo às águas tranqüilas,

Serras ao longe, do outro lado,

Gaivotas brincando no céu,

Mergulhos vezes em quando.

Meu olhar buscando o barquinho,

Ao longe, cruzando as águas, indo.

E lá se ia outro, preguiçoso, vagaroso.

E olhos de preguiça, deixando o tempo passar.

Vento vinha e soprava meu rosto, delicadamente,

E junto o cheiro forte das águas, do manguezal,

Aroma de mar, de lodo, de sal, da natureza crua,

E minha tristeza nua calava e se deixava na inércia,

Sossegada como as águas da baía.

E o vento assim continuava, suave, brando,

Como a querer me fazer carinhos,

Dizer do que havia lá atrás dos montes,

Do outro lado, além dos meus pensamentos,

Bem pra cá donde está o meu amor.

E ele me dizia, que ela lembrava de mim,

Todos os dias, todas as tardes, sempre que olhava o mar.

E me trazia imagens do seu rosto também triste,

Dos seus cabelos soprados, caídos no ombro,

E dos seus olhos que me buscam além do mar.

O vento então já nem me dizia mais nada,

Nem precisava, os barcos sumiram na baia,

Também o monte do outro lado se foi, nem as gaivotas eu via,

As lágrimas que se faziam ofuscavam tudo.

Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 06/12/2009
Código do texto: T1964040
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