Destino

Minha cabeça flamejava

Eu estava ali parada pensando em Clarice

Ali onde o calor fremia-me a língua

Onde deixei o único pedaço meu fora de mim

E o deixei sumindo sem olhar para trás

Mas já estava presa

E sumimos apenas dos olhos

O susto curou-me os soluços

E o silêncio curou-me as palavras

E, quando eu o deixei,

Choveu dentro de mim

Porque o flamejar do céu das onze horas,

O desespero das dezoito batidas

E a insensatez das últimas horas da tarde

Estarão em festa em todos os próximos dias,

Ainda que nenhum de nós olhe para trás...

AMARAL, Luciene

20/03/09 – 11h41min

Luciene Amaral
Enviado por Luciene Amaral em 06/12/2009
Código do texto: T1962707
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