Destino
Minha cabeça flamejava
Eu estava ali parada pensando em Clarice
Ali onde o calor fremia-me a língua
Onde deixei o único pedaço meu fora de mim
E o deixei sumindo sem olhar para trás
Mas já estava presa
E sumimos apenas dos olhos
O susto curou-me os soluços
E o silêncio curou-me as palavras
E, quando eu o deixei,
Choveu dentro de mim
Porque o flamejar do céu das onze horas,
O desespero das dezoito batidas
E a insensatez das últimas horas da tarde
Estarão em festa em todos os próximos dias,
Ainda que nenhum de nós olhe para trás...
AMARAL, Luciene
20/03/09 – 11h41min